quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Seu lábio superior sangra. Desde quando isto é motivo para escrever? Não é um grande jorro de sangue. Nada no estilo Tarantino. Ele só notou isso no filtro laranja do cigarro. Não sentiu o gosto, nem nada. Apenas tabaco e cafeína. Confirmou o sangue quando levou a manga da camiseta à boca. Ele se sente acabado. Não desperdice seu tempo, ou o tempo acabará com você. Essa foi a grande lição do dia. Já tinha a ouvido antes, mas só agora prestou atenção. Um pouco tarde. Ele sabe. A jornada monótona de oito horas de trabalho acaba com ele. Aos poucos. Ele sente a glória dos dias ensolarados, desperdiçados atrás de um computador, se afastando. Será que a verá algum dia? Chegou atrasado no trabalho novamente. Desta vez foram apenas quatorze minutos. Não foi culpa sua. Foi do ônibus. Tem sempre algo, ou alguém, atrapalhando seus passos. Gostaria de ter alguém para conversar. Alguém interessante. Não as mesmas pessoas com conversas vazias. Ele pensa em ligar para ela. Não o faz. Não quer parecer tão interessado, mesmo sabendo que isso a deixaria extremamente feliz, e o satisfaria no momento. Ele sente os remédios destruírem lentamente seu estômago. Não é uma dor forte. Apenas um leve aviso de que algo não está certo. Até onde isto é necessário?

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