quarta-feira, 30 de junho de 2010
Tenho pensado em muitas coisas, não sei se é o medo da chegada do fim ou a excitação e surpresa com o inicio do começo. O que rola é que não sei se a estrada está no começo ou no meio. Vejo alguma coisa que me parece ser um final, apesar de muito distante, mais distante que a distancia percorrida até agora, ao mesmo tempo pode ser só um lomba e depois volta o horizonte sem fim. É como navegar e se perder pelo mar, uma ilha pode nos dar a esperaça de chegar ao continente, quando na verdade pode ser apenas um lugar estranho com pessoas que pensam que somos gigantes, ou com pessoas que pensamos ser os gigantes.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Abriu a porta. A luz do corredor invadiu a sala. Fechou a porta. Escuro novamente. Acendeu a luz. Encontrou-o sentado no sofá com os fones no ouvido, o iPod ao lado, olhos fechados, um cigarro na mão, o cinzeiro cheio. Estava apenas de cueca. Bright Eyes, imaginou. Ela sentia-se bem, apesar do dia cheio. Não estava disposta a discussões. Estava com tesão e satisfeita com a temperatura. O elogio recebido no trabalho e os olhares masculinos temperaram o seu dia. Acendeu o abajur no canto da sala, apagou a lâmpada principal e soltou a bolsa na ponta do sofá. Ele abriu os olhos e encontrou um sorriso sereno e levemente ousado no rosto dela. Ela sentou ao lado dele. Ele retirou os fones. Ela beijo-lhe os lábios suavemente, quando ouviu o som baixo que vinha do aparelho. Acertou. Bright Eyes. Lembrou da primeira vez que ouviu a voz do Conor Oberst. Eram mais jovens, ele tinha o mesmo olhar perdido e melancólico. Ele e o Conor, sorriu mentalmente. Ela lembrava de si mesma como uma garota carente e perdida. Naquele tempo tinha achado a música intensa. Hoje parecia indiferente. Ficou feliz ao achar isso. Bright Eyes era tão triste que não fazia mais sentido.
- Tudo bem?
Olhou para ela procurando algo no fundo dos seus olhos. Algo que não via já não lembrava mais quanto tempo. Algo que explicasse tudo aquilo, que explicasse os dois juntos naquele sofá, naquela sala, naquele apartamento, naquela rua, naquele bairro, naquela cidade, naquele estado, naquele momento, naquele mundo. Algo que desse sentido a todas as coisas sem sentido. Algo que provavelmente nunca mais veria em rosto algum. Ela parecia triste e sem vida. As tatuagens que escapavam de seu vestido verde pareciam desbotadas, assim como seu sorriso. Os olhos e o cabelo, no entanto, pensou, continuavam bonitos.
- Aham.
Reparou na voz dele ao responder, estava mais rouca do que quando o conhecerá. Provavelmente o excesso de cigarros, pensou. Mas isso não aconteceu de uma hora para outra. A mudança da voz é um processo lento. Como será que só reparou nisso agora? O que mais perdeu? Sentiu-se triste por não prestar mais atenção nele, mas esse sentimento de culpa logo sumiu, dando lugar a sua leve alegria rotineira.
- Quer uma cerveja?
Nunca gostou muito de cerveja. Bebia mais por causa dele, que sempre apreciou muito a bebida. Tinha certeza de que se ele estava mal, aquela garrafa melhoraria as coisas. No começo, tinha medo de que ele fosse alcoólatra, mas com o passar do tempo notou que ele funcionava melhor levemente ébrio, e logo se acostumou com sua alma semi-distante, analisando tudo de maneira lenta e profunda, e com os seus lapsos de memória, normais nos momentos em que bebia demais.
- Aceito.
Observou-a enquanto caminhava até a geladeira. O vestido batia um pouco abaixo da metade das coxas e o salto, não muito alto, dava uma forma bonita a sua bunda. Não conseguiu ver a marca da calcinha. Quando ela chegou à geladeira, abriu a porta e lançou-lhe um olhar insinuante, abaixou levemente o torso para pegar duas long necks. Schmitt Ale, desejou ele e fechou os olhos. Ela fecha a porta e volta em direção ao sofá com duas garrafas de Heineken, aborrecida por ele não estar olhando para ela. Senta e estende uma garrafa para ele.
- Toma.
Ele abre os olhos. Segura um suspiro. Acha idiota o fato de ficar magoado por ela não saber quais são suas cervejas favoritas depois de tanto tempo. O que é tanto tempo? Mesmo sem nunca ter dito para ela que fica triste toda vez que ela erra. Pegou a garrafa, abriu e entregou para ela. Pegou a outra, abriu e levou em direção à boca.
- OW! Não vai brindar?
Ela achou aquilo estranho. Ele nunca bebia sem brindar. Ou estava ausente demais. Ou triste demais. Pensou que não merecia isso. O melhor presente que alguém pode te dar é estar presente. E ele não estava. Ou não parecia. Era bonita e desejada. Tantos homens a olhavam. Não tinha por que estar ali com alguém que não a notava. Quando foi que isso aconteceu? Quando o tédio dominou o interesse? No começo ela se incomodava com o ciúme dele. Ou melhor, a ausência de ciúme. Chegava a pensar que se saísse com outro cara, ele nem se importaria. Com o tempo se acostumou com a idéia. Agora sentiu-se sem valor algum novamente. Mas foi só por um instante, não deixaria algo de tanto tempo estragar seu dia. A garrafa estava a alguns centímetros da boca dele. Parou, largou a garrafa na mesinha de centro, acendeu um cigarro, pegou a garrafa novamente e olhou para ela.
- Ao que vamos brindar?
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Existem dois tipos de pessoas quanto a paixão
Aquelas que se apaixonam por alguém
E aquela que se apaixonam pela vida
Ambas paixões faz você correr o risco de não navegar
O casco é frágil e o porto é seguro
Mas ainda bem que alguns arriscam seus cascos
Em prol de algo que pode ser considerado como um nada
Mas para esse pobres navegadores
Ahh! esses coitados
Buscam este nada com todos os sopros possíveis
E, sometimes, usam uns ventos impossíveis
Para variar um pouco
E não morrer acorrentado em algo
Aquelas que se apaixonam por alguém
E aquela que se apaixonam pela vida
Ambas paixões faz você correr o risco de não navegar
O casco é frágil e o porto é seguro
Mas ainda bem que alguns arriscam seus cascos
Em prol de algo que pode ser considerado como um nada
Mas para esse pobres navegadores
Ahh! esses coitados
Buscam este nada com todos os sopros possíveis
E, sometimes, usam uns ventos impossíveis
Para variar um pouco
E não morrer acorrentado em algo
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